O ecossistema marinho mais biodiverso está ameaçado
A natureza é composta por diversos organismos, entre eles estão os magníficos corais que realçam a beleza
dos ambientes marinhos. Os corais não
estão sozinhos, vivem associados a microalgas, as quais proporcionam uma
coloração exuberante a eles. No entanto, esses seres estão ameaçados, pois
alterações nas condições do seu habitat tem resultado no seu branqueamento.
Recife em Sombrero Island, Filipinas. CRÉDITOS: JETT BRITNELL. |
O termo "coral"
é uma maneira generalizada de se referir as diversas espécies de invertebrados
do filo Cynidaria, envolvendo
determinados pólipos capazes de formar esqueletos calcários
e construir colônias, constituindo assim o recife de coral. Esses animais
propiciam a instalação de zooxantelas, as quais são microrganismos
fotossintetizantes que não só fornecem substâncias essenciais para o
crescimento dos corais como também recebem, caracterizando uma relação benéfica
aos dois organismos (1). As características morfológicas dos corais podem
permitir uma maior absorção de raios solares, entretanto, é válido dizer que existem espécies em locais profundos, onde há baixa intensidade luminosa (1, 3).
Os recifes de coral estão
localizados nas regiões tropicais e subtropicais do globo, por
exemplo na Indonésia, Filipinas, Mar Vermelho, Caribe, podendo se
estender a quilômetros de distância, desta forma pode-se citar a famosa Grande
Barreira de Corais da Austrália que corresponde a uma área de aproximadamente
344.400 Km² (2).
No Atlântico sul, os
recifes coralíneos brasileiros são únicos e se distribuem desde a região
costeira maranhense até a de Santa Catarina, além das ilhas oceânicas, tais
como a Reserva biológica do Atol das Rocas e o Parque Nacional Marinho Fernando
de Noronha (3). Cabe também ressaltar que estudos
vem sendo realizados na Bacia da Foz do Amazonas, onde recentemente foi
evidenciado a presença de corais.
Consequências das alterações no ambiente
Sabemos que a alta taxa de
gases liberada na atmosfera tem levado ao aquecimento do planeta e ao
mesmo tempo prejudicando os recifes de coral.
Branqueamento de corais nas Maldivas, registrado em Maio de 2016. Créditos: THE OCEAN AGENCY / XL CATLIN SEAVIEW SURVEY. |
Essa relação simbiótica
existente entre esses invertebrados e as microalgas é muito sensível. O aumento
na temperatura das águas oceânicas somada a elevada incidência de luz resulta
na produção excessiva de oxigênio, se tornando tóxico para as zooxantelas e
também para os corais que acabam por expeli-las, assim o seu tecido calcificado
se torna visível, caracterizando o fenômeno de branqueamento (4). A ausência das microalgas
dificulta o processo de formação do esqueleto de carbonato de cálcio (CaCO3), devido à perda dessa fonte energética.
Outro fator prejudicial
aos corais é a alta quantidade de dióxido de carbono reagindo com a água do
mar, provocando a redução do pH no ambiente marinho, tornando-o mais ácido.
Assim, tem se a formação de ácido carbônico e a diminuição da
disponibilidade do íon carbonato (CO3), necessário ao processo de calcificação,
exigindo um maior investimento de energia para restabelecer à condição alcalina
essencial (4). Conforme a pesquisa
publicada na Science, os recifes de coral estão
comprometidos, em virtude da sua vulnerabilidade a acidificação oceânica, tendo
sua constituição cada vez mais fragilizada.
Morte de corais após o seu branqueamento na Austrália, Lizard Island entre Março e Maio de 2016. Créditos: THE OCEAN AGENCY / XL CATLIN SEAVIEW SURVEY.
|
Além disso, a degradação
de bacias hidrográficas, deposição de sedimentos causada pelo uso inadequado do
solo, poluição agrícola e industrial, extração de petróleo e minerais, turismo,
pesca excessiva e a introdução de espécies exóticas capazes de extinguir
aquelas nativas, são alguns impactos antrópicos prejudiciais aos ambientes
coralíneos (3, 5).
Recife de coral em Raja Ampat, Indonésia. CRÉDITOS: JAYNE JENKINS. |
Os recifes de coral
abrangem alta riqueza de espécies, abrigando invertebrados, peixes e
mamíferos, sendo o ecossistema marinho com maior diversidade biológica,
possuindo grande quantidade de recursos naturais e conferindo proteção às regiões costeiras.
Veja também:
Referências
1. EVERT, R. F.; EICHHORN,
S. E.; revisão técnica Jane Elizabeth Kraus; tradução Ana Claudia M. Vieira et
al. Protistas: Algas e Protistas Heterotróficos. In:__ . Raven:
Biologia Vegetal. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
2. AUSTRALIA, Queensland Government. About the Great Barrier Reef.
3. BRASIL. Ministério do
Meio Ambiente. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Sumário Executivo do Plano de Ação
Nacional para a Conservação dos Ambientes Coralíneos PAN Corais. Brasília, 2017.
p. 08.
4. ZILBERBERG, Carla et
al. Conhecendo os Recifes Brasileiros: Redes
de Pesquisas Coral Vivo. Rio de Janeiro: Museu Nacional, UFRJ,
2016. p. 055-072.
5. FERREIRA, B. P.; MAIDA,
M. Monitoramento dos Recifes de Coral do Brasil: Situação Atual e
Perspectivas. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2006. p. 116.
Comentários
Postar um comentário